quinta-feira, 3 de março de 2011

Na Austrália: Só marsupiais!!!

Os mamíferos marsupiais e placentários se originaram do mesmo tronco pantoteriano, no fim do período Cretáceo. Os primeiros marsupiais apareceram na América do Norte há aproximadamente 80 milhões de anos atrás, e um exemplo é o Alphadon (marsupiais podem ser distinguidos dos placentários pela sua dentição – marsupiais têm três pré-molares e quatro molares, enquanto os placentários têm de três a cinco pré-molares e três molares).
Alphadon

Perto do término do período Cretáceo, os marsupiais começaram a aparecer na América do Sul (Peru e Bolívia). No período Eoceno, os marsupiais irradiaram-se pela Europa, pelo Norte da África e chegaram na Ásia no período Oligoceno. No entanto, esses grupos foram extintos rapidamente. A América do Sul e a América do Norte se separaram no Eoceno, bloqueando efetivamente a rápida radiação de placentários na América do Norte nesta época de dispersão para a América do Sul. Durante o Eoceno, marsupiais atingiram a Antártida, que foi anexada à América do Sul e à Austrália nesse período. Os marsupiais puderam seguir um cinturão da vegetação de Northophagus por todo o caminho, desde a parte mais baixa da América do Sul, passando pela Antártida e chegando na parte sul da Austrália. Os primeiros marsupiais apareceram na Austrália no período Oligoceno por essa rota. A Austrália se separou da Antártida no período Mioceno, isolando efetivamente a fauna marsupial lá.

Ou seja, os mamíferos placentários, em suas migrações, não alcançaram o continente australiano a tempo de ele se separar!

Marsupiais australianos (existentes e extintos) compartilham de muitas semelhanças com os marsupiais da América do Sul e com os extintos exemplares da Antártida, indicando uma rota de imigração pelo sul para os marsupiais e explicando a falta de mamíferos placentários na Austrália. Quando a América do Sul se atracou novamente com a América do Norte no período Plio-Plestoceno, a América do Sul já estava separada da Antártida e a Antártida da Austrália. Assim, a reintrodução de placentários na América do Sul não pôde continuar para a Antártida – Austrália. Nota: isso não impossibilita que algum placentário tenha atingido a Austrália, mas impossibilita que um número significativo dos mesmos a tenha atingido.

Fonte:Nedin, C. (2005) A história natural dos marsupiais. Projeto Evoluindo - Biociência.org. Trad.: Daniel Mondolo. [http://www.evoluindo.biociencia.org/marsupiais.htm] Adaptado



terça-feira, 30 de março de 2010

Que Saudade da São Paulo da Garoa!

O artigo abaixo foi escrito pelo doutor em Ciências Econômicas pela Universidade de Varsóvia,professor da PUC-SP LADISLAU DOWBOR. Embora publicado a 15 anos atrás, seu tema é bastante atual! Trata-se dos alarmantes níveis da chuva nos últimos anos.
Seriam mesmo os maiores da história? Para o professor a questão não é essa!
Acompanhe:
Artigo publicado originalmente em 23 de março de 1995 no jornal O Estado de São Paulo.

Não é mais possível dizer, a cada ano, que se trata das maiores chuvas da história, de fenômeno “excepcional”. Na realidade, a enchente tornou-se uma companheira permanente da cidade por uma simples razão de formas de urbanização.

São Paulo representa hoje uma mancha urbana da ordem de 1.500 quilômetros quadrados, cerca de 30 por 50 quilômetros. Isso significa que, com 100 milímetros de chuva, buscam saída 150 milhões de toneladas de água.

A principal forma de escoamento consiste na simples infiltração da água no solo, aproveitando a sua permeabilidade, particularmente nas várzeas, que atuam como grandes esponjas. Acontece que, com a crescente camada de asfalto e cimento, cerca de dois terços da cidade estão impermeabilizados. Por outro lado, a ausência de cobertura vegetal e a concentração de construções aumentam a temperatura em até 10 graus em certas regiões da Cidade, favorecendo chuvas torrenciais e liquidando os bons tempos da garoa.

As empresas de loteamento destroem regularmente a cobertura vegetal, reduzindo também a filtração da água para dentro do solo. E as empreiteiras e especuladores imobiliários liquidam as várzeas.

Em outros termos, construímos na Cidade um gigantesco tobogã de água e nos espantamos que mesmo chuvas médias provoquem enchentes.

O fenônemo é, por sua vez, agravado pelas formas como é enfrentado. Cada bairro sujeito a enchentes batalha a canalização do seu córrego e, de bairro em bairro, provocamos a chegada mais rápida da água às partes baixas da Cidade. Só que nas partes baixas o efeito é cada vez mais dramático, pois uma massa cada vez maior de água chega mais rapidamente. O tobogã aumentou.

A primeira conclusão é, portanto, bastante simples: em vez de políticas em fatias, ou clientelísticas, precisamos é de um plano. E em vez de simples canalizações que aceleram o fluxo da água, precisamos proteger as várzeas, recuperar a permeabilidade do solo e melhorar a retenção de água nas areas intermediárias.

Os exemplos são inúmeros. Na Suíca, para cada 100 metros quadrados construídos é preciso reservar determinada superfície verde e permeável. A cidade de Londrina está transformando suas bacias em parques, gramando as beiras de córregos, plantando árvores e multiplicando espaços de lazer. Outras cidades estão rearborizando loteamentos e encostas das bacias, para reter a água e reduzir o assoreamento.

No nosso caso, não resolvemos o problema dos córregos, entulhados e assoerados, e aumentamos o problema do Tietê. Na realidade, a equação em que, em permanência, trabalham de um lado os caminhões e as dragas, e de outro, chegam regularmente a terra carregada pelos córregos e os detritos dos paulistano é o sonho de qualquer empresa de desassoreamento. É um fluxo de centenas de milhões de dólares.

O problema no seu conjunto é parecido com o dos carros em São Paulo. Como não há mais espaço para escoamento, abrem-se mais avenidas, o que leva a mais carros. Constatando-se que as avenidas não bastam, fazem-se elevados e túneis, que permitem que os carros chegem muito mais rapidamente a outros gargalos mais intensos. O problema do trânsito, evidentemente, exige que paremos um pouco para pensar e trabalhemos mais a concepção do metrô e outras formas de transporte coletivo, porque abrir mais espaço para carros apenas desloca o problema, não o resolve.

No nosso drama da água, agora que o sol parece começar a enxugar as nossas lamentações, ao menos até o ano que vem, seria igualmente melhor trabalharmos a compreensão estrutural do problema, resgatarmos a prática do planejamento. E, sobretudo, precisamos parar de pensar que a urbanização seja uma questão de obras, de asfalto e concreto.

Sejam bem vindos!!!

Acerca da biologia pretende ser um blog onde se verão as várias faces dessa ciência completa.
Diversos textos e imagens serão postos em pauta para conscientizar, chocar, mobilizar e informar. Criar debate!
Pessoas inteligentes atraem pessoas inteligentes e a informação caminhará em duas vias: do blog para vocês e de vocês para este blog!!!

Espero que curtam esta parceria!